Gosto, desde que me lembro, de perder-me por entre as palavras e deixar-me voar na escrita. A escrita está entranhada em tudo o que faço e considero que deixar de escrever é perder uma parte da minha alma.
No entanto, o tempo foi-me roubando horas nos meus dias para cuidar da minha alma escrevendo. Tento que ele seja elástico, mas, na verdade, tenho uma vida normal como toda a gente. Também é verdade que muito antes de nutrir folhas em branco, em pensamento já construí uma multitude de cenários. Quando chegam ao papel todo o processo é mais simples, ou talvez não. Nem sempre. Muitas e muitas vezes, tudo se altera porque ao escrever o pensamento flui de forma diferente. Os registos vão-se entranhando em cadernos de notas.
Depois da leitura foi muito fácil apaixonar-me pela escrita, mas nem sempre senti que ela pudesse acrescentar algo. Foi um processo longo e no decorrer desta caminhada fui moldando e perfeiçoando. A dada altura percebi que, apesar da formalidade, mesmo em termos de escrita académica poderia fazer diferente. Apesar de não quebrar regras, deixei de me sentir confinada aos textos apenas acessíveis a um grupo muito restrito. A partir daí algo mudou em mim.
Sou uma leitora exigente e, inevitavelmente, reinvento-me na escrita perante estes parâmetros. Afinal, dentro dos livros moram as sementes que o tempo permitirá que cresçam e de dentro delas brote magia e mistério.
Através da escrita posso perder-me noutras vidas, ter sempre companhia, mesmo nos instantes solitários da noite, encontrar-me entre outras vidas, sentir-me livre e viajar sem data ou hora certa.
Nunca despendi muito tempo a pensar porque ou para que o faço quando a escrita me envolve e preenche desta forma tão arraigada, mas quiçá...
... porque observo o mundo ao contrário e nele moram histórias que precisam de ficar para a história.
... para semear boas palavras e ideias que hão de florescer nos corações de quem as acolhe.
... porque a leitura transforma e porque acredito que através das palavras posso acrescentar algo mais na vida de quem lê.
... porque a escrita me permite pensar, criar, rir, chorar e refletir em uníssono.
...para fugir dos dias cansados que me enfraquecem.
...para dar sentido às palavras perdidas que querem explorar o mundo e dar sentido à vida.
... porque me inquieto e preciso que a imaginação e a criatividade percorram novos caminhos.
...porque através da escrita posso unir o pensar, o sentir, o brincar, a memória e assim criar pontes humanas.
... porque é o meu refúgio e me permite ouvir a minha voz interior.
... porque gosto de ter cabeça apaixonada pelas ideias.
... para responder a muitas outras perguntas que moram em mim.
... para compreender, partilhar, sonhar e amar.
...para repartir com os outros esta espécie de amor.
Escrevo simplesmente porque SIM!
Elisabete Brito
Uma casa na lua
Olá, convido-te para a minha Casa na Lua!
Elisabete Brito é doutorada em Sociologia, Mestre em Educação e Bibliotecas e licenciada em Literaturas Modernas. Na escrita mora a sua forma de ser, de ler e de estar, entranhada em tudo o que faz. Com as palavras pinta o mundo, costura os sentidos, reinventa os dias e, acima de tudo, brinca. Gosta dos abraços do mar, do charme das flores e dos segredos que guardam as noites estreladas, de andar com a cabeça nas nuvens e dos mistérios cheios de poesia.
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